sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O folclore avança em Goiàs.


O folclore avança em Goiás.
E não fica só com o povo simples, sem instrução; chega à sociedade, às camadas cultas
Por Bariani Ortêncio em  26/10/2016

Muitas pessoas ainda pensam  que folclore são apenas as folias, as catiras, as danças-de-roda e as brincadeiras das crianças de  ontem.  Acham  que folclore são as “bobaginhas” do povo antigo. Precisam saber que o folclore vai muito mais além, é a ciência do povo, que vem do povo antigo,  pois são os usos e costumes dos nossos ancestrais.  Tudo o que o  povo fala e faz tem sabedoria. Portanto folclore é a sabedoria do povo. E esta sabedoria vem passando das pessoas simples que recebem dos seus ancestrais, de geração a geração, dos analfabetos até os instruídos.

Assim que surgiu o ser humano ele teve que criar as suas condições de vida, como se alimentar, como se comunicar, como se relacionar e como se defender das intempéries e das feras, fabricar os seus utensílios domésticos e de trabalho, surgindo, daí, o artesanato. Portanto o artesanato se define como “a arte de fazer com as mãos”. Se entrar a máquina deixa de ser artesanato.

E o folclore não fica só com o povo simples, sem instrução; chega à sociedade, às camadas cultas, influi e incentiva as letras e as artes.

A Carta do Folclore Brasileiro, de 1951 define que “Constitui folclore a maneira de sentir e agir de um povo, conservada pela tradição e transmitida oralmente”.

Fato folclórico é tudo o que é interessante e sai da criatividade das pessoas simples, com tendência de permanência no seio do povo. E são 5 os fatos folclóricos: Anônimo – Oral –Tradicional – Coletivo e Funcional. Portanto o autor do fato deve ser desconhecido, transmitido oralmente, ser do conhecimento de muitas pessoas e ter funcionalidade, porque o que não  é visto não é lembrado.
O estudo do folclore nas escolas seria tão importante quanto o Português e a Matemática. Quem estuda o folclore conhece  as suas raízes e passa a se orgulhar dos seus antepassados, dos professores primários, dos artesãos e benzedeiras, parteiras, raizeiros, enfim, gente do povo.

A criança que não estuda o folclore quando se senta no banco da sala de aula junto a filhos de professores, advogados, médicos e demais profissionais liberais, vai ter vergonha de dizer que a mãe é benzedeira, parteira, e o pai raizeiro. Caso contrário teria era orgulho, principalmente em lugares desprovidos de atendimentos de saúde.

Portanto, estudar o folclore é estudar o próprio povo, com tudo o que lhe diz respeito. É o exemplo, como vimos,  de tudo o que vem do passado, transmitido através das gerações.

O Presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), instituiu  a obrigação de todas as escolas públicas e particulares a comemorarem a “Semana do Folclore” (16 a 22 de agosto). Como alguns professores não dispunham de conhecimentos didáticos sobre a matéria, escrevi a “Cartilha do Folclore Brasileiro”, sendo publicada primeiramente pela Universidade Católica de Goiás, depois pela Federal  e a terceira, em nível nacional, pela Editora Thesaurus, de Brasília. A “Cartilha do Folclore Brasileiro” levantou, em 1986, o Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. O Brasil todo reconhece este nosso trabalho.

Em Goiás o deputado estadual Ursulino Tavares Leão instituiu em 29 de outubro de 1968, através da Lei nº 7.152, o Mês do Folclore, a ser comemorado anualmente, durante o mês de agosto, no Estado com festejos populares, representações, aulas, palestras e cursos sobre temas folclóricos.
As escolas que se  interessarem pelo cumprimento desta Lei deverão entrar em contato com a presidente da “Comissão Goiana do Folclore”,  historiadora Izabel Signoreli, pelos telefones: 3223-0330 e 98125-5526.

Como surgiu a “Comissão Nacional do Folclore”: Quando aconteceram os lançamentos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagazak, em agosto de 1945, a “ONU – Organização das Nações Unidas” sentiu a desumanização dos povos e criou, para a sua confraternização, a “Unesco: Organização das Nações Unidas para Educação e Cultura”. Daí a Unesco criou, em 1947, a “Comissão Nacional  do Folclore”, que é um departamento da Antropologia. “Comissão Nacional  do Folclore”, depois passou a ser nominada “Campanha da Defesa do Folclore Brasileiro”, depois, “Instituto do Folclore Brasileiro”, voltando para “Comissão Nacional do Folclore”. E a nossa Comissão surgiu no ano de 1948, sendo o seu primeiro presidente o então secretário da Educação, o Professor Colemar Natal e Silva, Cônego Trindade, Regina Lacerda, Maria Augusta Callado, Álvaro Catelan, por mim, por Fátima Paraguassú e, atualmente, pela professora-historiadora Izabel Signoreli. 

Os estudiosos estão levando o incentivo do folclore aos lugares onde se dão, onde persistem as antiguidades populares.  Pioneira, a “Comissão Goiana de Folclore” já conta com 23 comissões municipais. Nesta terça-feira, dia 18, estiveram reunidos aqui no nosso Instituto, que é também sede da CGF, os (as) presidentes das comissões municipais e seus assessores para tratar de um evento que durará dois dias com os potenciais de todas as comissões, trazendo os componentes dos grupos folclóricos das suas regiões. Vai ser um festão da cultura popular goiana!

Estiveram presentes, além dos membros da Comissão Goiana de Folclore, Izabel Signorelli, Jadir de Morais Pessoa, Álvaro Catelan, Ivanôr Florêncio, Laila Santoro, Ana Cárita, Helena Vasconcelos, Vanderlan Domingos e eu. Do interior: Luiz Paulo (Alexânia); Teresa Cristina e Maria Noêmia (Pirenópolis); Rose Louzada e Iraci Vieira (Damolândia); Creusa Arrais, Silvana Amaral, Marcelo Fecunde e
Ângelo Aparecido (Itaberaí); Nazareth de Freitas (Santo Antônio de Goiás); Max Rogério (Guapó); Nelli Gáspio (Monte Alegre de Goiás); Esther Profeta (Palmeiras de Goiás); Cleumar de Oliveira (Inhumas); Zelão & Ray (cantadores de Inhumas)
Macktub! (Está escrito)

(Bariani Ortencio. barianiortencio@uol.com.br)

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Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente, representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o que preconiza a UNESCO.

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