O folclore avança em Goiás.
E não fica só com o povo simples, sem instrução; chega à sociedade, às
camadas cultas
Por Bariani
Ortêncio em 26/10/2016
Muitas
pessoas ainda pensam que folclore são apenas as folias, as catiras, as
danças-de-roda e as brincadeiras das crianças de ontem. Acham
que folclore são as “bobaginhas” do povo antigo. Precisam saber que o folclore
vai muito mais além, é a ciência do povo, que vem do povo antigo, pois
são os usos e costumes dos nossos ancestrais. Tudo o que o povo
fala e faz tem sabedoria. Portanto folclore é a sabedoria do povo. E esta
sabedoria vem passando das pessoas simples que recebem dos seus ancestrais, de
geração a geração, dos analfabetos até os instruídos.
Assim que
surgiu o ser humano ele teve que criar as suas condições de vida, como se
alimentar, como se comunicar, como se relacionar e como se defender das
intempéries e das feras, fabricar os seus utensílios domésticos e de trabalho,
surgindo, daí, o artesanato. Portanto o artesanato se define como “a arte de
fazer com as mãos”. Se entrar a máquina deixa de ser artesanato.
E o
folclore não fica só com o povo simples, sem instrução; chega à sociedade, às
camadas cultas, influi e incentiva as letras e as artes.
A Carta do
Folclore Brasileiro, de 1951 define que “Constitui folclore a maneira de sentir
e agir de um povo, conservada pela tradição e transmitida oralmente”.
Fato
folclórico é tudo o que é interessante e sai da criatividade das pessoas
simples, com tendência de permanência no seio do povo. E são 5 os fatos
folclóricos: Anônimo – Oral –Tradicional – Coletivo e Funcional. Portanto o
autor do fato deve ser desconhecido, transmitido oralmente, ser do conhecimento
de muitas pessoas e ter funcionalidade, porque o que não é visto não é
lembrado.
O estudo
do folclore nas escolas seria tão importante quanto o Português e a Matemática.
Quem estuda o folclore conhece as suas raízes e passa a se orgulhar dos
seus antepassados, dos professores primários, dos artesãos e benzedeiras,
parteiras, raizeiros, enfim, gente do povo.
A criança
que não estuda o folclore quando se senta no banco da sala de aula junto a
filhos de professores, advogados, médicos e demais profissionais liberais, vai
ter vergonha de dizer que a mãe é benzedeira, parteira, e o pai raizeiro. Caso
contrário teria era orgulho, principalmente em lugares desprovidos de
atendimentos de saúde.
Portanto,
estudar o folclore é estudar o próprio povo, com tudo o que lhe diz respeito. É
o exemplo, como vimos, de tudo o que vem do passado, transmitido através
das gerações.
O
Presidente da República, General Emílio Garrastazu Médici (1969-1974),
instituiu a obrigação de todas as escolas públicas e particulares a
comemorarem a “Semana do Folclore” (16 a 22 de agosto). Como alguns professores
não dispunham de conhecimentos didáticos sobre a matéria, escrevi a “Cartilha
do Folclore Brasileiro”, sendo publicada primeiramente pela Universidade
Católica de Goiás, depois pela Federal e a terceira, em nível nacional,
pela Editora Thesaurus, de Brasília. A “Cartilha do Folclore Brasileiro”
levantou, em 1986, o Prêmio João Ribeiro, da Academia Brasileira de Letras. O
Brasil todo reconhece este nosso trabalho.
Em Goiás o
deputado estadual Ursulino Tavares Leão instituiu em 29 de outubro de 1968,
através da Lei nº 7.152, o Mês do Folclore, a ser comemorado anualmente,
durante o mês de agosto, no Estado com festejos populares, representações,
aulas, palestras e cursos sobre temas folclóricos.
As escolas
que se interessarem pelo cumprimento desta Lei deverão entrar em contato
com a presidente da “Comissão Goiana do Folclore”, historiadora Izabel
Signoreli, pelos telefones: 3223-0330 e 98125-5526.
Como
surgiu a “Comissão Nacional do Folclore”: Quando aconteceram os lançamentos das
bombas atômicas em Hiroshima e Nagazak, em agosto de 1945, a “ONU – Organização
das Nações Unidas” sentiu a desumanização dos povos e criou, para a sua
confraternização, a “Unesco: Organização das Nações Unidas para Educação e
Cultura”. Daí a
Unesco criou, em 1947, a “Comissão Nacional do Folclore”, que é um
departamento da Antropologia. “Comissão Nacional do Folclore”, depois
passou a ser nominada “Campanha da Defesa do Folclore Brasileiro”, depois,
“Instituto do Folclore Brasileiro”, voltando para “Comissão Nacional do
Folclore”. E a nossa Comissão surgiu no ano de 1948, sendo o seu primeiro
presidente o então secretário da Educação, o Professor Colemar Natal e Silva,
Cônego Trindade, Regina Lacerda, Maria Augusta Callado, Álvaro Catelan, por
mim, por Fátima Paraguassú e, atualmente, pela professora-historiadora Izabel
Signoreli.
Os
estudiosos estão levando o incentivo do folclore aos lugares onde se dão, onde
persistem as antiguidades populares. Pioneira, a “Comissão Goiana de
Folclore” já conta com 23 comissões municipais. Nesta terça-feira, dia 18,
estiveram reunidos aqui no nosso Instituto, que é também sede da CGF, os (as)
presidentes das comissões municipais e seus assessores para tratar de um evento
que durará dois dias com os potenciais de todas as comissões, trazendo os
componentes dos grupos folclóricos das suas regiões. Vai ser um festão da
cultura popular goiana!
Estiveram
presentes, além dos membros da Comissão Goiana de Folclore, Izabel Signorelli,
Jadir de Morais Pessoa, Álvaro Catelan, Ivanôr Florêncio, Laila Santoro, Ana
Cárita, Helena Vasconcelos, Vanderlan Domingos e eu. Do interior: Luiz Paulo (Alexânia); Teresa
Cristina e Maria Noêmia (Pirenópolis); Rose Louzada e Iraci Vieira
(Damolândia); Creusa Arrais, Silvana Amaral, Marcelo Fecunde e
Ângelo
Aparecido (Itaberaí); Nazareth de Freitas (Santo Antônio de Goiás); Max Rogério
(Guapó); Nelli Gáspio (Monte Alegre de Goiás); Esther Profeta (Palmeiras de
Goiás); Cleumar de Oliveira (Inhumas); Zelão & Ray (cantadores de Inhumas)
Macktub!
(Está escrito)
(Bariani Ortencio. barianiortencio@uol.com.br)